Do jornal Último Segundo de hoje:
Brasil é candidato ao G8, garante Celso Amorim
SAO PAULO (Reuters) - O Brasil está entre os possíveis candidatos que poderão se juntar ao G8, grupo dos nações mais desenvolvidas, e aceitaria uma oferta para representar os países pobres no fórum, disse na quinta-feira o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
A França e outros países sugeriram que Brasil, Índia e China poderiam ser convidados a se juntarem ao G8 devido a sua crescente influência nas questões políticas e econômicas mundiais, disse Amorim.
"Se formos convidados, estamos prontos para nos juntar e acredito que nós, com Índia e China e outros, representaríamos todos os interesses dos países em desenvolvimento", disse Amorim à Reuters, durante um vôo a São Paulo, onde participará de conversações sobre comércio e desenvolvimento.
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, disse na quarta-feira que os líderes do G8 estavam considerando convidar China e Índia para se tornarem membros plenos do clube, hoje formado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Itália, Canadá e Rússia.
Amorim disse que conversou com o secretário de Estado norte-americana, Colin Powell, na quarta-feira e entendeu que o presidente francês, Jacques Chirac, e outros líderes mencionaram o Brasil como um candidato.
O chanceler alemão, Gerhard Schroeder, em resposta a uma pergunta no encontro do G8 nesta quinta-feira nos Estados Unidos, confirmou que a expansão do grupo estava sob discussão e que Brasil, China e Índia tinha sido mencionados como candidatos.
"Ele (Berlusconi) mencionou Índia e China como exemplos, e o presidente Chirac, certamente, e outros também mencionaram o Brasil", disse Amorim. "Cada um cita os exemplos que quer."
Defrontando-se com o crescente poder político e econômico das nações em desenvolvimento, o G8 começou a convidar países como o Brasil para participar formalmente de alguns encontros, como o realizado em Evian, na França, em junho de 2003.
O Brasil tem liderado as nações em desenvolvimento nas disputas contra os países ricos em relação aos subsídios agrícolas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou em maio China e Rússia para se juntarem a um grupo de líderes dos países emergentes para se contrapor ao domínio dos Estados Unidos e da Europa nos fórum globais políticos e de comércio.
Amorim disse que alguns dos ministros do G8 já sugeriram a ele que o grupo seja expandido para um G12 ou G13.
O ministro formou e liderou o G20, grupo de países em desenvolvimento, nas últimas negociações sobre comércio mundial, em setembro do ano passado, para tentar reduzir as barreiras agrícolas. Ele não vê contradição com o fato de o Brasil estar disposto a se juntar ao grupo dos países ricos, a cujas posições comerciais se opõe.
"Eles (os países desenvolvidos) deveriam agir conjuntamente, não há contradição", disse Amorim, às vésperas da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), que acontece entre os dias 13 e 18 de junho em São Paulo.
Amorim se encontrará com os ministros do Comércio do G20 no sábado para discutir modos de se conseguir acordos que garantam a redução das barreiras agrícolas e exportações de bens industriais até julho.
Ele também deve se encontrar com o representante comercial dos EUA, Robert Zoellick, o Comissário de Comércio da União Européia, Pascal Lamy, e com os ministros do Comércio da Austrália e da Índia no domingo, para buscar um acordo antes que a campanha eleitoral para a Presidência dos EUA embale e impeça novas negociações este ano.
"Acredito que seja factível se concordarmos no básico", disse Amorim. "Essa será uma reunião muito importante."
Amorim também está otimista que o planejado acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul seja finalizado até outubro.
Kommentar