O MUNDO NUNCA TEVE TANTOS DESEMPREGADOS
O ano passado se encerrou com 185,9 milhões de desempregados no mundo, que correspondem a 6,2% da força de trabalho do planeta.
Os dados constam do estudo intitulado "Tendências Mundiais de Emprego-2004" , divulgado quinta-feira pela Organização Internacional do Trabalho-OIT, instituição ligada à ONU e com sede em Genebra. Foi o maior número já registrado na história da OIT, embora 2002 tivesse chegado perto, com 185,4 milhões sem emprego.
Entre os que perderam uma vaga no mercado de trabalho:
- 108,1 milhões são homens, 600 mil a mais que em 2002.
- Entre as mulheres foi verificada uma leve redução, passando de 77,9 milhões em 2002 para 77,8 milhões em 2003.
A faixa etária mais atingida foi a dos jovens:
- 88,2 milhões de desempregados têm entre 15 e 24 anos , o que significa que eles constituem 47,4% do total dos 185,9 milhões. A taxa de desemprego nesta faixa é mais que o dobro da média, 14,4%.
"É cedo para dizer que o pior já passou"
O relatório fala em um "prognóstico prudentemente otimista" para 2004. Dis que a recuperação econômica se acentuou no segundo semestre de 2003, o que permitiu uma queda nos índices de desemprego. Mas o diretor-geral da OIT, Juan Somavia, afirmou que ainda é muito cedo para dizer que o pior já passou.
"Nossa maior preocupação é a recuperação mostrar sinais de queda e as esperanças de melhores empregos serem postergadas. Assim, muitos países não poderiam reduzir a pobreza à metade até 2015 para cumprir com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio", afirmou Somavia.
O estudo registra a existência em 2003 de 550 milhões de "trabalhadores pobres" , ganhando no máximo um dólares americano por dia (menos de R$ 3,00).
Panorama regional
"A América Latina e o Caribe foram os mais afetados pela recessão econômica mundial de 2001 em termos de crescimento da produção e eliminação de postos de trabalho, mas registraram crescimento em 2003: 1,6%, após um decréscimo de -0,1% em 2002.
Até o momento, a recuperação do emprego tem sido muito lenta. A taxa de desemprego regional caiu de 9% para 8%, redução que pode ser atribuída à recuperação argentina e à diminuição do crescimento da mão-de-obra", prossegue o texto.
Segundo o relatório, "o crescimento do PIB dos Estados Unidos foi ofuscado pela escassa criação de empregos e por uma taxa de desemprego que se manteve em níveis altos, em cerca de 6%. A União Européia (UE), por outro lado, obteve resultados positivos nos mercados de trabalho de alguns países, apesar da baixa taxa de crescimento do PIB: 1,5%."
Apesar de taxas de crescimento do PIB de mais de 7%, a Ásia Oriental (que inclui a China) registrou um ligeiro aumento do desemprego, segundo a OIT. Já o Sudeste Asiático (região da Indonésia e do Vietnã) viveu um pronunciado recuo do desemprego em 2003. Na Ásia meridional (que inclui a Índia) o desemprego permaneceu estável apesar do rápido crescimento do PIB, 5,1%.
No Oriente Médio e Norte da África o desemprego não só aumentou como mostrou a taxa mais elevada, 12,2%. A África Subsaariana viveu um ligeiro descenso do número de desempregados, mas "insuficiente para reduzir o elevado número de trabalhadores pobres" e sofrendo o impacto negativo da epidemia de aids.
O documento da OIT conclui com os costumeiros apelos aos países desenvolvidos. Pede que estes facilitem o acesso do Terceiro Mundo aos seus mercados, reduzam a dívida externa e os juros que incidem sobre ela, liberem recursos para programas de geração de emprego e combate à pobreza.
Com informações da OIT.
Diário Vermelho
Kommentar